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Ano: 2023

Utilização de Passagens de Fauna como medida de mitigação do atropelamento da Fauna Silvestre Na BR-101/RJ Norte

ARTERIS S.A.

Categoria: Produtos ou Serviços

Aspectos Gerais da Prática:

“O presente projeto tem como finalidade avaliar a efetividade de medidas de mitigação ambiental implantadas na rodovia BR-101/Norte RJ, sob concessão da Arteris Fluminense. O objetivo geral é demonstrar quais são as características determinantes para que as medidas mitigatórias na rodovia tenham maior chance de serem efetivas quando replicadas nesta ou em outra rodovia em condições análogas. Entre as características avaliadas estão design, dimensão e localização das estruturas de passagem de fauna, extensão e localização das cercas, elementos da paisagem de entorno da rodovia, bem como composição e abundância relativa das diferentes espécies faunísticas no ambiente entorno e nas proximidades dos acessos às estruturas de travessia.
Entre as estruturas de mitigação do atropelamento de fauna estão as cercas de proteção para direcionar os animais até as entradas das passagens inferiores (subterrâneas e vãos de ponte adaptados), as quais fazem parte do conjunto de 37 passagens de fauna instaladas. Dentre elas 10 passagens superiores copa-a-copa com estruturas e designs pioneiros no Brasil, 15 passagens subterrâneas de diversas dimensões, 11 vãos de ponte adaptados, além do primeiro viaduto vegetado em rodovia federal do país. Este complexo de estruturas para a fauna abrange aproximadamente 70 quilômetros da BR-101/RJ Norte, em trecho localizado entre os municípios de Rio das Ostras e Rio Bonito (Km 190 a Km 261). Todo o complexo foi efetivamente entregue no final de 2020, e seu monitoramento iniciado em julho de 2021.
Para alcançar a atual concepção do projeto foi necessário o envolvimento de uma rede multidisciplinar de colaboradores e parceiros de diversas áreas do conhecimento, desde pesquisadores, biólogos e ecólogos especializados em ecologia de estradas, engenheiros civis, ambientais e florestais, além dos representantes pelo órgão licenciador (IBAMA) e órgão responsável pela gestão das unidades de conservação em contato com a rodovia (ICMBio). A necessidade de chegar a um consenso seria por si só uma grande conquista ao envolver diversos atores, além dos elevados recursos financeiros envolvidos, os quais já ultrapassaram 43 milhões de reais investidos.
As definições dos locais e designs foram debatidas em conjunto ao IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), os quais aprovaram o complexo final de estruturas que vieram a ser implementadas. Assim, na busca por definir os melhores modelos de passagens de fauna, visando atender aos diferentes grupos faunísticos, incluindo espécies terrestres e arborícolas.
Resultados resumidos pelo projeto até o momento:
Tabela 1. Resultados mensuráveis alcançados pelo projeto.
Resultados mensuráveis – Valores
Passagens de fauna instaladas – 37
Cercas de segurança instaladas nas passagens de fauna para direcionamento dos animais – 44,7 km
Nº de armadilhas fotográficas instaladas para o monitoramento das passagens de fauna – 24
Nº de armadilhas fotográficas instaladas na área de entorno das passagens de fauna inferiores – 16
Travessias de animais nas passagens de fauna superiores – 254
Travessias de animais nas passagens de fauna inferiores – 13
Nº de espécies que utlizaram as passagens de fauna – 13
Nº de espécies ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção diretamente beneficiadas pelas passagens de fauna – 3
Nº de espécies registradas no entorno das passagens de fauna – 17
Redução da média de atropelamentos de animais em relação ao período anterior e pós instalação das passagens de fauna – 27%
Nº de mídias de comunicação em que o projeto foi divulgado – 3

Tabela 2. Equipe envolvida nos projetos
Nome – Função – Formação
Sergio Garcia – Diretor-Presidente da Arteris – Engenheiro Naval, Mestre em Engenharia de Produção, Logística e Estratégia Empresarial
Alisson Freire – Diretor de Operações da Concessionária Arteris Fluminense – Engenheiro Industrial, Mestre em Sistemas Aplicados a Engenharia e Gestão
Marcello Guerreiro – Coordenador de Meio Ambiente da Concessionária Arteris Fluminense – Engenheiro Florestal, Mestre em Engenharia Civil e Meio Ambiente
Giane Zimmer – Diretora Executiva de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Arteris – Formada em Economia e Direito, Especializada em Gerenciamento de Inovação em Sustentabilidade
Christiana de Almeida Costa – Superintendente de Sustentabilidade da Arteris – Formada em Relações Públicas, Especializada em Gestão da Comunicação e Marketing
Débora Della Nina – Assessora de Sustentabilidade da Arteris – Formada em Administração,
Especializada em Gestão da Sustentabilidade Empresarial
Thiago Machado – Coordenador Geral da Concremat Ambiental – Biólogo, Pós-graduado em Gestão de Projetos
Helio Secco – Coordenador Técnico – Biólogo, Doutor em Ciências Ambientais e Conservação
Rodrigo Gessulli – Especialista Ecologia de Estradas – Biólogo, Mestre em Ciências
Mateus Melo Dias – Especialista Ecologia de Mamíferos – Biólogo, Mestre em Ecologia Aplicada

Relevância para o Negócio:

“Promover a gestão dos impactos ambientais dos investimentos e operações da Arteris é um tema que integra a estratégia de sustentabilidade da companhia e implica em analisar os riscos associados, cumprir requisitos regulatórios e contratuais, licenciamentos ambientais e respectivas condicionantes. Mais do que isso, significa promover a conservação da biodiversidade e a gestão do uso de recursos naturais – energia, água, resíduos, emissões atmosféricas – na busca por inovações que tornem projetos e processos mais eficientes.
De forma inédita, dentre os animais que tiveram travessias registradas nas passagens de fauna está uma das espécies de primata mais ameaçadas e icônicas da fauna brasileira, o mico-leão-dourado (Figura 7). Endêmica do estado do Rio de Janeiro, a espécie possui distribuição restrita a remanescentes florestais severamente fragmentados da Mata Atlântica da baixada fluminense, com área de ocupação estimada de 337 km². Com cerca de apenas 1.400 indivíduos maduros na natureza, o mico-leão-dourado está “em perigo” de extinção em todas as esferas, e esteve bem perto de desaparecer na natureza se não houvesse extensos esforços de conservação.
As principais ameaças a sobrevivência da espécie são o desmatamento, fragmentação do habitat, competição com espécies exóticas, expansão urbana e da malha viária. A BR-101/Norte RJ, ao longo do trecho que corta a área de distribuição do mico-leão-dourado, contribui historicamente para o isolamento de suas populações desde décadas atrás. Assim, o registro de 73 travessias de indivíduos na passagem do Km 240+100 em aproximadamente três meses de monitoramento, demonstra o potencial benefício das passagens superiores para a conectividade das populações locais de mico-leão-dourado, o que é essencial para a recuperação da espécie e redução do seu risco de extinção.
Nas imagens obtidas pelas armadilhas fotográficas foi possível identificar grupos com até cinco indivíduos utilizando a passagem, tanto no sentido norte/sul, quanto sul/norte. Também foi observado um comportamento crescente de ambientação dos micos com a passagem e o tráfego de veículos abaixo, utilizando de forma mais frequente e natural como uma rota de deslocamento. Sendo registrado, inclusive, comportamentos sociais naturais entre indivíduos na própria estrutura da passagem e travessias em conjunto com saguis, ressaltando a rápida adaptação deste primata com estruturas que promovem a conectividade de potenciais habitats. Além disso, estes registros indicam que passagens de fauna com menores custos de instalação, como as atuais passagens áreas monitoradas possuem um alto potencial de uso pelos micos-leões-dourados, tanto quanto viadutos vegetados de fauna, que são mais onerosos economicamente e demandam maior tempo de instalação.
A primeira travessia de preguiça-de-coleira em uma passagem superior rígida ao longo de sua ocorrência indica a importância destas estruturas para a população deste animal que é historicamente isolada pela intensa fragmentação do habitat no centro-norte fluminense. Além disso, esta espécie ocorre naturalmente em baixas densidades populacionais ao longo de toda sua distribuição, dessa forma a preguiça-de-coleira encontra-se ameaçada tanto em nível estadual quanto nacional e global. É possível observar que o design das passagens superiores está favorecendo diferentes espécies arborícolas, desde primatas até preguiças.
Também foram flagrados, através das câmeras traps instaladas nos dispositivos de passagem de fauna, um Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), espécie em risco de extinção, iniciando a travessia na passagem de fauna superior, a travessia de um indivíduo de sagui e de um ouriço-cacheiro (Coendou spinosus) na passagem de fauna superior.” “O projeto possui caráter pioneiro ao passo que representa a primeira rodovia federal do país a ter uma passagem de fauna do porte de um viaduto vegetado interligando a paisagem de uma margem a outra, além de possuir uma notória e incomparável média para os padrões brasileiros de 1 passagem de fauna a cada 1,9 quilômetros de rodovia neste trecho de aproximadamente 70 quilômetros localizado entre Rio das Ostras e Rio Bonito, passando pelo interior da Área de Proteção Ambiental (APA) da Bacia do Rio São João – Mico-Leão-Dourado, e pelas bordas das Reservas Biológicas União e Poço das Antas, no centro-norte fluminense. O nome desta APA, por si só, denota ainda mais a relevância deste projeto, uma vez que se trata da região de ocorrência de espécies em nível alarmante de ameaça de extinção no Estado do Rio de Janeiro e no Brasil de forma geral, como o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) e a preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus), as quais estão sendo diretamente beneficiadas pelas medidas de mitigação implantadas, pois comprovou-se o uso de algumas das passagens de fauna superiores copa-a-copa por elas.
Inclusive, as ações executas pelo projeto também foram destaques em importantes meios de comunicação nacional e internacional. Em março de 2022, os resultados obtidos pelo projeto foram alvos de reportagem televisiva para o Jornal Nacional da TV Globo com a manchete “Projeto em rodovia no Rio reduz acidentes com animais silvestres”. Através de belas imagens foi mostrado a redução dos acidentes rodoviários com a fauna silvestre devido as passagens e a importância do projeto para as populações de micos-leões-dourados.
A travessia da preguiça-de-coleira em uma das passagens superiores monitoradas pelo projeto também foi tema de uma reportagem da CNN Brasil com a manchete “Em registro inédito, “preguiça-de-coleira” é flagrada em passarela para fauna no RJ”, onde foi evidenciada a importância da implantação das passagens de fauna para esta espécie severamente ameaçada de extinção, bem como o ineditismo do registro e do projeto como todo.
O membro e coordenador da equipe, Marcello Guerreiro, também foi entrevistado pelo Latin American and Caribbean Transport Working Group (LACTWG), onde contou um pouco sobre o presente projeto, seus objetivos, resultados, inovações e perspectivas para o futuro no cenário da Ecologia de Estrada no Brasil. A entrevista completa pode ser acessada no site da LACTWG.”

Aspectos Inovadores Relacionados a Prática:

Não informado

Contribuição da Prática para o Desempenho da Empresa:

“O presente projeto tem como finalidade avaliar a efetividade de medidas de mitigação ambiental implantadas na rodovia BR-101/Norte RJ, sob concessão da Arteris Fluminense. O objetivo geral é demonstrar quais são as características determinantes para que as medidas mitigatórias na rodovia tenham maior chance de serem efetivas quando replicadas nesta ou em outra rodovia em condições análogas. Entre as características avaliadas estão design, dimensão e localização das estruturas de passagem de fauna, extensão e localização das cercas, elementos da paisagem de entorno da rodovia, bem como composição e abundância relativa das diferentes espécies faunísticas no ambiente entorno e nas proximidades dos acessos às estruturas de travessia.
Entre as estruturas de mitigação do atropelamento de fauna estão as cercas de proteção para direcionar os animais até as entradas das passagens inferiores (subterrâneas e vãos de ponte adaptados), as quais fazem parte do conjunto de 37 passagens de fauna instaladas. Dentre elas 10 passagens superiores copa-a-copa com estruturas e designs pioneiros no Brasil, 15 passagens subterrâneas de diversas dimensões, 11 vãos de ponte adaptados, além do primeiro viaduto vegetado em rodovia federal do país. Este complexo de estruturas para a fauna abrange aproximadamente 70 quilômetros da BR-101/RJ Norte, em trecho localizado entre os municípios de Rio das Ostras e Rio Bonito (Km 190 a Km 261). Todo o complexo foi efetivamente entregue no final de 2020, e seu monitoramento iniciado em julho de 2021.
Para alcançar a atual concepção do projeto foi necessário o envolvimento de uma rede multidisciplinar de colaboradores e parceiros de diversas áreas do conhecimento, desde pesquisadores, biólogos e ecólogos especializados em ecologia de estradas, engenheiros civis, ambientais e florestais, além dos representantes pelo órgão licenciador (IBAMA) e órgão responsável pela gestão das unidades de conservação em contato com a rodovia (ICMBio). A necessidade de chegar a um consenso seria por si só uma grande conquista ao envolver diversos atores, além dos elevados recursos financeiros envolvidos, os quais já ultrapassaram 43 milhões de reais investidos.
As definições dos locais e designs foram debatidas em conjunto ao IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), os quais aprovaram o complexo final de estruturas que vieram a ser implementadas. Assim, na busca por definir os melhores modelos de passagens de fauna, visando atender aos diferentes grupos faunísticos, incluindo espécies terrestres e arborícolas.
Resultados resumidos pelo projeto até o momento:
Tabela 1. Resultados mensuráveis alcançados pelo projeto.
Resultados mensuráveis – Valores
Passagens de fauna instaladas – 37
Cercas de segurança instaladas nas passagens de fauna para direcionamento dos animais – 44,7 km
Nº de armadilhas fotográficas instaladas para o monitoramento das passagens de fauna – 24
Nº de armadilhas fotográficas instaladas na área de entorno das passagens de fauna inferiores – 16
Travessias de animais nas passagens de fauna superiores – 254
Travessias de animais nas passagens de fauna inferiores – 13
Nº de espécies que utlizaram as passagens de fauna – 13
Nº de espécies ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção diretamente beneficiadas pelas passagens de fauna – 3
Nº de espécies registradas no entorno das passagens de fauna – 17
Redução da média de atropelamentos de animais em relação ao período anterior e pós instalação das passagens de fauna – 27%
Nº de mídias de comunicação em que o projeto foi divulgado – 3

Tabela 2. Equipe envolvida nos projetos
Nome – Função – Formação
Sergio Garcia – Diretor-Presidente da Arteris – Engenheiro Naval, Mestre em Engenharia de Produção, Logística e Estratégia Empresarial
Alisson Freire – Diretor de Operações da Concessionária Arteris Fluminense – Engenheiro Industrial, Mestre em Sistemas Aplicados a Engenharia e Gestão
Marcello Guerreiro – Coordenador de Meio Ambiente da Concessionária Arteris Fluminense – Engenheiro Florestal, Mestre em Engenharia Civil e Meio Ambiente
Giane Zimmer – Diretora Executiva de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Arteris – Formada em Economia e Direito, Especializada em Gerenciamento de Inovação em Sustentabilidade
Christiana de Almeida Costa – Superintendente de Sustentabilidade da Arteris – Formada em Relações Públicas, Especializada em Gestão da Comunicação e Marketing
Débora Della Nina – Assessora de Sustentabilidade da Arteris – Formada em Administração,
Especializada em Gestão da Sustentabilidade Empresarial
Thiago Machado – Coordenador Geral da Concremat Ambiental – Biólogo, Pós-graduado em Gestão de Projetos
Helio Secco – Coordenador Técnico – Biólogo, Doutor em Ciências Ambientais e Conservação
Rodrigo Gessulli – Especialista Ecologia de Estradas – Biólogo, Mestre em Ciências
Mateus Melo Dias – Especialista Ecologia de Mamíferos – Biólogo, Mestre em Ecologia Aplicada

Gestão da Prática Relatada:

“O registro de travessias de espécies raras e ameaçadas, como o mico-leão-dourado e a lontra, reforçam a importância das passagens, sejam elas superiores ou inferiores, para a conectividade de suas populações e habitats, já tão isoladas e fragmentadas. A confirmação do uso das passagens por espécies comumente atropeladas neste trecho da rodovia também indica a capacidade destas estruturas de mitigar a morte da fauna impactada pelas colisões com veículos na rodovia, bem como em evitar possíveis acidentes no caso de espécies de maior porte como por exemplo a capivara.
Apesar do monitoramento das passagens de fauna estar ainda em fase de execução, os resultados já obtidos são promissores e já indicam o potencial mitigatório das passagens de fauna para a conservação da biodiversidade local, bem como para o desenvolvimento científico sobre o tema. Os resultados parciais provenientes das armadilhas fotográficas de entorno também corroboram o potencial do presente projeto, onde já foram registradas 17 espécies no entorno das passagens de fauna inferiores através de mais de 210 registros fotográficos.

Possibilidade de Disseminação ou Replicação:

Ao ser exitoso em cumprir com o objetivo geral, o projeto será capaz não somente de incrementar significativamente o conhecimento científico da ecologia de estradas e sobre passagens de fauna em rodovias brasileiras com foco no bioma Mata Atlântica, mas também contribuir com a elaboração de um documento técnico de chave de decisão quanto às estratégias de mitigação a serem escolhidas em outras rodovias, com base neste que é um dos principais estudos de caso do país.