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Ano: 2023

Planta de Sulfato de Potássio

KLABIN S.A.

Categoria: Processos

Aspectos Gerais da Prática:

“A Klabin consome, anualmente, cerca de 8 mil toneladas de potássio nos plantios onde mantém suas árvores, principal matéria-prima do negócio de papel e celulose. Em 2018, a Companhia mapeou a possibilidade de se tornar autossuficiente na obtenção do insumo a partir do reaproveitamento de seus resíduos industriais, com o desenvolvimento de tecnologia para a extração do potássio por meio do processamento de material que até então recebia tratamento para ser descartado. Com foco na circularidade e na melhoria permanente na gestão de recursos, bem como na busca da autossuficiência a partir de um processo de inovação pioneiro em escala global, a Klabin investiu nesta possibilidade e, em setembro de 2022, inaugurou sua Planta de Sulfato de Potássio.
A visão de longo prazo e o modelo de negócio flexível e inovador permitiram que Klabin pudesse seguir seu planejamento de 2022 sem o abalo das duras notícias sobre a guerra entre Ucrânia e Rússia no início do ano, e a consequente possibilidade de desabastecimento de potássio. O insumo, fundamental na formulação de fertilizantes, tem mais de 90% de sua origem importada, sendo cerca de 50% deste montante recebido de países como Belarus e Rússia.
A Planta de Sulfato de Potássio tornou a Klabin a primeira empresa do setor de papel e celulose no mundo a produzir o insumo por meio do tratamento de resíduos. Com o sistema, a Klabin tem previsão de produzir cerca de 7.800 toneladas de sulfato de potássio por ano.
O processo permitirá à empresa utilizar diretamente ou vender o sulfato de potássio a granel para o mercado de produção de fertilizantes. Esta novidade ainda ajudará a reduzir a dependência de importação do insumo.

Relevância para o Negócio:

“Em fevereiro de 2022, a economia mundial se viu vulnerável diante da guerra entre Rússia e Ucrânia. Na Europa, havia a expectativa de que o conflito fosse gerar impactos profundos no setor energético, com a decisão da Rússia de suspender o fornecimento de gás a vários Estados-Membros da União Europeia. Com a Ucrânia ocupando a segunda posição mundial no ranking de principais exportadores de petróleo do mundo, com mais de 12% da oferta global, além de ser responsável por 12% das exportações mundiais de trigo e 15% das de milho, os mercados ficaram apreensivos com a possibilidade de impactos profundos e de difícil reversão em curto prazo.
No Brasil, houve temor em relação à possível escassez no fornecimento de potássio, usado para a adubação do solo e com cerca de 96,5% de sua procedência importada, sendo metade deste volume de origem russa ou bielorrussa, segundo dados do Governo Federal (setembro/ 2022).
Para dimensionar o tamanho do impacto da guerra, diversos veículos de imprensa destacaram o grau da dependência de insumos e, particularmente, de fertilizantes de origem russa. O UOL destacou o assunto em sua seção de economia (Por que o Brasil depende tanto dos fertilizantes da Rússia?) ainda no começo do conflito, em março de 2022, preconizando o cenário difícil que estaria por vir. Neste contexto, o UOL destaca que o Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, atrás de China, Índia e Estados Unidos. Outro dado relevante: em 2021, dos mais de 40 milhões de toneladas de fertilizantes consumidos no país, 85% foram importados. Com as sanções europeias e americanas travando as negociações e interrompendo o fluxo logístico das estatais fornecedoras Belaruskali e Belarusian Potash Company (BPC), o fornecimento ficou suspenso de fevereiro até setembro de 2022, quando aportou em Paranaguá, no litoral do Paraná, um navio com cerca de 28 mil toneladas de potássio da Belarus, uma quantia pequena perto do volume de 3 milhões de toneladas anuais importadas do país pelo Brasil.
Entre janeiro e agosto do mesmo ano, o Brasil importou cerca de 9 milhões de toneladas do adubo, com apenas 10% de origem bielorrussa. Embora não tenha sido registrado um grave desabastecimento do nutriente, sua tonelada no mercado internacional chegou a ser comercializada por US$ 850, provocando alta nos custos do agronegócio que foram impactados, de maneira geral, em todos os países. Em um curto espaço de tempo, a Klabin seria seguramente atingida pela escassez generalizada do insumo e sua consequente valorização no mercado, por utilizar cerca de 8 mil toneladas de fertilizantes em suas plantações por ano, com impactos para a sua operação e possivelmente para o quadro financeiro da Companhia.
No entanto, comprometida com a melhoria contínua de seus processos e produtos e buscando permanentemente soluções inovadoras que reforcem a sustentabilidade em seus negócios, a Klabin havia se antecipado quanto à autossuficiência no abastecimento de potássio, com o início, em 2018, com o apoio de parceiros, ao desenvolvimento de uma tecnologia que permitisse obter sulfato de potássio a partir de seus processos industriais. Após uma série de estudos de viabilidade e com a perspectiva de investimentos retornáveis em menos de um ano, a empresa criou seu método de extração de potássio, com ênfase na circularidade.
O novo processo foi desenhado para a Unidade Puma, em Ortigueira, no Paraná, uma unidade da Klabin que gera em torno de 200 toneladas por dia de cinzas em duas caldeiras de recuperação, de onde são extraídas 22 toneladas de potássio – cerca de 10% do total das cinzas. Por ano, a estimativa é gerar 8 mil toneladas do insumo, o que corresponderá a uma economia de R$ 15 milhões para a empresa.
Além de todo o impacto positivo em seu próprio processo produtivo, a obtenção do sulfato de potássio deverá ainda promover ganhos relacionados ao posicionamento de mercado da Klabin. Com a estimativa de recuperação de até 9 mil toneladas anuais, a Companhia elevou o seu status e agora posiciona-se no mesmo patamar de biorrefinarias com o volume extraído. Como o Brasil é o 4º país com a maior produção de grãos do mundo, com a extração do sulfato de potássio, é possível afirmar que a empresa de papel e celulose dá uma importante contribuição gerando internamente matéria-prima para a indústria de fertilizantes, evitando assim a exploração de novas jazidas desse mineral e reforçando o impacto da inovação, não apenas para o abastecimento próprio, como também permitindo novas possibilidades de negócios.
Em um quadro de análise abrangente, a iniciativa se alinha aos esforços da Companhia em promover a circularidade nos processos produtivos, consolidando o ciclo em uma nova frente gerada em um momento crítico, e avançando em direção à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) e às metas definidas nos Objetivos Klabin para o Desenvolvimento Sustentável (KODS), que possuem, entre os compromissos ratificados institucionalmente a meta de otimização máxima dos recursos em que resíduos geram valor ao serem reinseridos nos sistemas produtivos. A meta definida pela Companhia é de zerar a destinação de resíduos industriais para aterros até 2030. Além disso, a implantação desse atende às metas de Futuro Renovável e Economia Sustentável e Circular.
” “Após quatro anos de desenvolvimento da tecnologia, em colaboração com o grupo internacional Veolia – que tem uma área especializada em evaporação e cristalização – a Klabin inaugurou a Planta de Sulfato de Potássio em setembro de 2022, na Unidade Puma, em Ortigueira (PR), e passou a ser a primeira empresa do setor de Papel e Celulose no mundo a produzir o nutriente, utilizado na formulação de fertilizantes, a partir de resíduos industriais. A nova planta tem a capacidade de recuperar o potássio que vem junto com a madeira usada na produção de celulose da Unidade Puma, tanto na maior linha de fibra da Companhia, quanto na máquina de papel integrada à produção de celulose – MP27 – e em breve na máquina de papel que terá o início de sua operação neste ano, a MP28, voltada para a produção de papel cartão.
O processo acontece na caldeira de recuperação – reator onde se cozinha a madeira, gerando licor, vapor e energia. A combinação de químicos e a temperatura elevada separam as fibras de celulose dos elementos que não serão usados para a produção de papel, originários do plantio e do solo onde a madeira é plantada, como o potássio, utilizado como fertilizante. No processo padrão, esses elementos que não são as fibras precisam ser removidos e enviados para o tratamento de efluentes. Com o novo sistema, o potássio pode ser recuperado na forma de sulfato cristalizado para ser utilizado em adubos.
A inovação desenvolvida pela Klabin despertou atenção do mercado e da imprensa, que repercutiu o fato. Destacamos pela relevância e abrangência a publicação do Valor Econômico, que comentou a ação da Klabin em reportagem em setembro de 2022, com fala de Francisco Razzolini, diretor de Tecnologia Industrial, Inovação e Sustentabilidade da Klabin. A planta de produção na unidade de Ortigueira (PR) também integra o projeto Puma II, um importante marco no ciclo de expansão da Klabin, o que reforça a sua capacidade de crescimento sustentável aliada à tecnologia.

Aspectos Inovadores Relacionados a Prática:

Não informado

Contribuição da Prática para o Desempenho da Empresa:

“A Klabin consome, anualmente, cerca de 8 mil toneladas de potássio nos plantios onde mantém suas árvores, principal matéria-prima do negócio de papel e celulose. Em 2018, a Companhia mapeou a possibilidade de se tornar autossuficiente na obtenção do insumo a partir do reaproveitamento de seus resíduos industriais, com o desenvolvimento de tecnologia para a extração do potássio por meio do processamento de material que até então recebia tratamento para ser descartado. Com foco na circularidade e na melhoria permanente na gestão de recursos, bem como na busca da autossuficiência a partir de um processo de inovação pioneiro em escala global, a Klabin investiu nesta possibilidade e, em setembro de 2022, inaugurou sua Planta de Sulfato de Potássio.
A visão de longo prazo e o modelo de negócio flexível e inovador permitiram que Klabin pudesse seguir seu planejamento de 2022 sem o abalo das duras notícias sobre a guerra entre Ucrânia e Rússia no início do ano, e a consequente possibilidade de desabastecimento de potássio. O insumo, fundamental na formulação de fertilizantes, tem mais de 90% de sua origem importada, sendo cerca de 50% deste montante recebido de países como Belarus e Rússia.
A Planta de Sulfato de Potássio tornou a Klabin a primeira empresa do setor de papel e celulose no mundo a produzir o insumo por meio do tratamento de resíduos. Com o sistema, a Klabin tem previsão de produzir cerca de 7.800 toneladas de sulfato de potássio por ano.
O processo permitirá à empresa utilizar diretamente ou vender o sulfato de potássio a granel para o mercado de produção de fertilizantes. Esta novidade ainda ajudará a reduzir a dependência de importação do insumo.

Gestão da Prática Relatada:

Há mais de um ano, quando a demanda por insumos atingiu o quadro crítico mencionado, a pesquisa e posterior aplicação da tecnologia na Klabin segue integrada ao negócio e sendo positiva à política de resíduos sólidos estabelecida pela Companhia bem como no reforço à circularidade dentro da cadeia produtiva. Portanto, a continuidade dos processos viáveis e bem-sucedidos para a Klabin, como no caso da planta de sulfato de potássio, são incorporados à estratégia de negócios e às diretrizes sobre mudanças climáticas da Companhia, posto que a implantação desse sistema de extração de sulfato de potássio atende às premissas e metas de Futuro Renovável e Economia Sustentável e Circular.

Possibilidade de Disseminação ou Replicação:

“O novo processo de obtenção de potássio a partir da separação das cinzas das caldeiras de recuperação, desenvolvido de forma inédita no mundo para a Unidade Puma da Klabin, em Ortigueira, no Paraná, representa uma nova possibilidade para todo o setor de Papel e Celulose, possibilitando a construção da independência do Brasil no abastecimento do insumo.
O Plano Nacional de Fertilizantes (PNF – Decreto 10.991/2022) deve incentivar novas práticas – e a replicação de sistemas já desenvolvidos e implementados com sucesso – para a produção do mineral, uma vez que sua meta é reduzir a dependência brasileira do mercado externo para 50% até 2050. Com a estratégia de estimular o desenvolvimento de cadeias regionais produtoras de fertilizantes, o PNF deverá estimular processos inovadores como o desenvolvido pela Klabin, para a obtenção de nutrientes para atender a demanda de produção de alimentos.
Numa lavoura de soja e milho, o fertilizante – que tem 85% de sua origem em outros países – representa cerca de 20 a 40% dos custos de produção. Com o apoio do PNF, a expectativa é de avançar com possibilidades que permitam que o Brasil siga como o país de referência no abastecimento mundial de alimentos.