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Ano: 2023

O RETORNO DO ALGODÃO PARA O SERIDÓ-RN COM BASES AGROECÓLOGICAS

Lojas Riachuelo S.A

Categoria: Processos

Aspectos Gerais da Prática:

“O projeto de algodão agroecológico, Agro Sertão, tem objetivos sociais e ambientais. A prática demonstra que impactos ambientais nunca estão dissociados de impactos sociais e consequentemente financeiros. Por meio desse projeto podemos comprovar o Triple Bottle Line da sustentabilidade de John Elkington.
O objetivo geral da prática é promover o desenvolvimento sustentável da região do Seridó (estados do RN e PB) por meio da cultura do algodão, para a qual a região do Sertão Nordestino já teve vocação.
Os principais objetivos específicos do projeto são:
1 Resgatar a cultura de produção do algodão da região do Seridó Nordestino;
2 Promover a agricultura de subsistência familiar na região;
3 Gerar trabalho e renda para famílias da região;
4 Estimular uma cultura de produção sustentável do algodão.
5 Gerar novos negócios;
6 Alavancar a sustentabilidade das matérias primas dos produtos.
2022: 6 Municípios (Acari, Caicó, Cruzeta, Carnaúba dos Dantas, Jardim do Seridó, São José do Seridó).
2023: 12 Municípios (Acari, Caicó, Cruzeta, Carnaúba dos Dantas, Jardim do Seridó, São José do Seridó, Cerro Corá, Currais Novos, São Vicente, Jucurutu, Tenente Laurentino Cruz, Santana do Seridó).
A região escolhida foi a região do Sertão Nordestino, conhecida como Seridó. A região engloba um Geoparque e está localizada no semiárido nordestino, região centro-sul do estado do Rio Grande do Norte (RN).
A região é susceptível a períodos de estiagem, cuja base econômica agrária prevaleceu até os anos de 1970. O estudo das migrações campo-cidade, no entre os anos de 1940 e 2000 mostra as evidências de um crescimento urbano neste espaço regional. Este processo foi desencadeado por mudanças nas relações de trabalho e às novas vocações que a região encerra, descortinando-se como espaço de promissão do saber, do trabalho e do lazer. Neste sentido, as migrações provocam o crescimento da população com ampliação do sítio urbano, gerando uma pressão social sobre o poder público no que se refere a oferta de serviços e de empregos. Além disso, o deslocamento populacional favoreceu a emergência e proliferação do mercado informal, importante fonte de renda nos dias atuais.
Considerando-se todas essas características e também a importância histórica dessa região e da vulnerabilidade de sua população, a região do Seridó foi a escolhida para o resgate de uma importante cultura da região que acabou se perdendo, a cultura do algodão.
O Programa, com duração de dois anos, se iniciou em novembro de 2021 e as principais etapas percorridas foram:
1 Diagnóstico inicial e seleção de área para instalação das Unidades de Aprendizagem e Pesquisa Participativa (UAPs) – mês 1 ao 3;
2 Implantação e acompanhamento duas Unidades de Aprendizagem e Pesquisa Participativa (UAP) para aumento de produtividade do algodão em consórcios agroecológicos, produção de sementes orgânicas, arranjo e população de plantas, aliada a tecnologias poupadoras de mão de obra no plantio, manejo cultural e colheita na região do Seridó-RN – mês 1 ao 24;
3 Avaliação dos atributos do solo, produtividade, qualidade de fibra, contaminações por organismos geneticamente modificados nas UAPs e áreas de produtores familiares como parte da estratégia de geração do conhecimento e promoção da sustentabilidade do algodão em consórcios agroecológicos – mês 1 ao 24;
4 Realização de 6 módulos de formações em algodão em consórcios agroecológicos (preparo da área, plantio, manejo, colheita, comercialização) com agricultores/as e técnicos/as nas UAPs instaladas na região do Seridó-RN para 50 famílias de agricultores – mês 1 ao mês 12;
5 Realizar 6 módulos de formações em algodão em consórcios agroecológicos (preparo da área, plantio, manejo, colheita, comercialização) com agricultores/as e técnicos/as nas UAPs instaladas na região do Seridó-RN para 30 famílias de agricultores – mês 13 ao 24;
6 Apoiar a divulgação dos avanços do projeto para agricultores/as e gestores públicos por meio de visitas a experiências exitosas do projeto na região – mês 8 ao 24;
7 Encontro técnico anual (Avaliação de resultados) – mês 11 ao 23.
O Agro Sertão é um programa em parceria com a Embrapa e proporciona renda e segurança alimentar para as famílias envolvidas, além de resgatar uma cultura agrícola já extinta na região. O programa ainda propicia uma segurança alimentar que é baseada, além da plantação do algodão sem insumos químicos, na alimentação do seu rebanho e na plantação de alimentos para sua subsistência, tais como: feijão, fava, milho, gergelim, onde o excedente é vendido na região para complementação de renda. O programa se encontra na metade de seu ciclo total, com o primeiro ciclo totalmente concluído e avaliado.
O papel da Embrapa é contribuir para a fortalecimento e expansão do cultivo do algodão em consórcios agroecológicos na região do Seridó-RN, por meio de capacitação de técnicos/as e agricultores/as familiares pela prática e experimentação participativa a partir das Unidades de Aprendizagem e Pesquisa participativa relacionadas ao sistema de cultivo do algodão em consórcios agroalimentares, destinados a produção de alimentos, fibra direcionada à indústria da moda, geração de renda, conservação de recursos naturais e aproximação das famílias agricultoras ao comércio justo e ao mercado orgânico.
No ano de 2022 foi finalizado o 1º ciclo com 53 agricultores distribuídos em 6 municípios do Seridó do estado do Rio Grande do Norte (RN) e foram investidos nos municípios participantes cerca de 50% do valor total do programa: R$ 787.678,49 entre recursos financeiros e não recursos não financeiros.
A prática, de inciativa do Instituto Riachuelo, além de contar com a parceria da Embrapa, também conta com o Senai e com as prefeituras das cidades participantes. Numa aliança sem precedentes, o Instituto Riachuelo, organização privada sem finalidade lucrativa, contribui para resgatar uma antiga cultura da região. O algodão, que foi por décadas principal fonte de renda das famílias da região, há mais de 40 anos não era cultivado.
O programa completou um ano e já se pode mensurar os resultados e impactos até o momento. As famílias encontraram uma fonte de renda extra. É difícil mensurar a emoção por parte dos agricultores e seus familiares ao resgatarem a cultura.
Como resultado houve o treinamento e capacitação de 80 agricultores/agentes multiplicadores para incorporação das tecnologias, produtos e processos gerados pela pesquisa para manejo em lavouras de algodão cultivado em sistema de consórcios agroecológicos. (Capacitação e atualização tecnológica de agentes multiplicadores).

Relevância para o Negócio:

“2.1 GRUPO GUARARAPES INDÚSTRIA TÊXTIL
A sustentabilidade no setor têxtil traz amplos desafios relacionados aos impactos de suas atividades no meio ambiente e na sociedade, tais como a precarização do trabalho em sua cadeia, mudanças climáticas, consumo de recursos naturais, utilização e descarte de químicos, além dos resíduos gerados no pré e no pós-consumo.
O Grupo Guararapes trabalha ativamente para atuar na mitigação de tais impactos e criar soluções inovadoras capazes de regenerar ecossistemas, promover a defesa dos direitos humanos em toda sua cadeia de valor, além de desenvolver comunidades nas regiões nas quais atua. Por isso, a estratégia de sustentabilidade permeia de maneira transversal todo o ecossistema do grupo e está norteada pelos seguintes eixos de atuação:
Grupo Guararapes compreende que seu papel como arquiteto pela transformação da indústria da moda passa diretamente pela modelagem de sua produção têxtil. Em 2022, foram produzidas 39 milhões de peças de vestuário, com a geração de 3,3 milhões de resíduos têxteis. A visão e o compromisso estão estabelecidos na Política Ambiental que define as diretrizes para a ecoeficiência de suas operações em respeito ao meio ambiente, à conservação da biodiversidade, ao manejo sustentável dos recursos naturais e à circularidade.
As matérias-primas utilizadas no setor têxtil geram alto impacto no meio ambiente, como o alto consumo de água, a utilização de produtos químicos e a emissão de gases de efeito estufa. Para vencer este desafio, o Grupo Guararapes trabalha em sua estratégia de negócio na aquisição de matéria-prima mais sustentável. Em 2022, foram utilizados 42% de algodão e 17% de viscose classificados como mais sustentáveis em toda a cadeia.
A Companhia assume um papel ativo nessa construção, no compromisso de ofertar ao mercado produtos compostos por matérias-primas mais sustentáveis, desenvolvidas por processos que possibilitem a mitigação dos impactos ao meio ambiente, considerando sempre o respeito aos diretos humanos de seus trabalhadores.
O Instituto Riachuelo, como organização privada e sem finalidade lucrativa, funciona como um braço social do Grupo Guararapes/Riachuelo, empresa 100% nacional e pertencente ao varejo de moda. Com o propósito de usar a moda como ferramenta de transformação de vidas, o Instituto Riachuelo realiza ações que promovem o empreendedorismo social, práticas socioambientais, educação, saúde e segurança e fomento à cultura. O Instituto Riachuelo foi lançado em 2021.
O impacto de suas ações alcança uma população de mais de 50 mil moradores do semiárido, cerca de 150 pequenos e médios empreendedores, no interior do estado do Rio Grande do Norte. A meta futura é atuar em outras regiões do País. O Grupo Guararapes é varejo, mas também indústria, com uma planta no estado do Rio Grande do Norte produz 45% das peças vendidas nas lojas da Riachuelo, entre tecido plano e malharia.
Grupo tem atuado fortemente em Mudanças Climáticas e, portanto, com a preocupação em oferecer em suas lojas, cada vez mais, produtos mais sustentáveis aos seus clientes. Nessa ótica, pensar tanto do lado social (como e em que condições são feitas suas peças), como do lado ambiental (que processos foram utilizados e quais matérias primas), tornou-se algo fundamental para cumprir e avançar nessa missão de varejo.
Quando a companhia pensa em inovação, pensa em inovação socioambiental e que não é possível desvinculá-las, pois a inovação social certamente gera um impacto ambiental. O projeto do Agro Sertão, que procura resgatar a cultura do algodão na região do Semiárido nordestino traz essa missão muito claramente. E não é possível inovar sem investimento em pesquisa e desenvolvimento. A isso o projeto se propõe, como alavancar renda e trabalho em populações de vulnerabilidade extrema, ao mesmo tempo que se garante a segurança alimentar dessa população e como o produto do resgate da cultura do algodão na região pode ajudar a Riachuelo a ofertar roupas mais sustentáveis aos seus clientes na medida em que a produção desse algodão gera menos impacto ambiental que as culturas tradicionais do algodão.
A Riachuelo, por meio de investimento em pesquisa e desenvolvimento, ao mesmo tempo que contribui para a promoção do desenvolvimento sustentável do semiárido nordestino, inova desde o campo, desde o plantio da matéria prima, contribuindo também para a produção de matéria prima mais sustentável para seus produtos. Impactando menos o meio ambiente e consequentemente a sociedade. Principalmente quando se considera que a oferta hoje no mercado de algodão orgânico é bem pequena perto da oferta de algodão certificado (não orgânico). O agroecológico vai além, propicia que famílias inteiras sejam impactadas positivamente e possam tirar seu sustento digno e próspero de suas próprias terras e alimentar seus rebanhos, principal fonte de renda antes da cultura do algodão.
A oferta de matérias primas é algo extremamente relevante ao negócio, delas dependem a nossa oferta de produtos em loja, mais que isso, não basta falar em matérias primas, mas em matérias primas mais sustentáveis, porque desse quesito depende a sustentabilidade do próprio negócio. Os negócios serão cada vez mais circulares, o que equivale a dizer que se as empresas não se preocuparem e cuidarem de suas cadeias de valor de uma maneira mais sistêmica e, portanto, mais ampliada, não chegarão tão longe quanto podem chegar e não mitigarão os impactos negativos de suas operações como devem.
Explorar soluções nesse sentido é vital para o negócio, onde tudo se conecta, e principalmente em tempos nos quais o consumidor quer saber de onde vem, como foi feito e que produziu o mesmo produto. E esse bastidor vai muito além, não se encerra nas fabricas de confecção, mas vem do campo de cultivo das matérias primas, do respeito aos processos de fabricação, mas também do respeito aos direitos humanos dos trabalhadores desde o cultivo da matéria prima.

Nesse projeto há, claramente, a junção de 9 dos 17 ODS da agenda 2030:
1 Erradicação da pobreza
2 Fome Zero
8 Emprego Digno e Crescimento Econômico
9 Industria, inovação e infraestrutura
10 Redução das desigualdades
11 Cidades e Comunidades Sustentáveis
12 Consumo e Produção Responsáveis
13 Combate às Alterações Climáticas
17 Parcerias em Prol das Metas
Esses ODS elencados acima são muito materiais ao nosso negócio, indústria e varejo têxtil, que busca democratizar a moda, mas uma moda cada vez mais sustentável.
Cerca de 8% de todos os gases de efeito estufa emitidos em 2018 foram atribuídos à indústria da moda segundo o relatório Measuring Fashion: Environmental Impact of the Global Apparel and Footwear Industries Study, elaborado pela consultoria Quantis.
O relatório Pulse of the Fashion Industry, lançado pela Global Fashion Agenda, em 2015, já tinha colocado a moda como responsável por 5% das emissões de CO2. Porcentagem 21 vezes maior do que os setores de aviação e navegação combinados, totalizando 1.2 bilhão de toneladas de CO2.As duas fibras mais utilizadas na moda são o algodão e o poliéster. E as duas estão relacionadas às mudanças climáticas.
As culturas tradicionais do algodão exigem uso intensivo de água e agroquímicos como pesticidas, herbicidas e fertilizantes. Os fertilizantes se originam do gás natural que libera óxido nitroso durante seu uso. O óxido nitroso é um gás efeito estufa. Se compararmos o óxido nitroso ao CO2 ele tem um potencial 298 vezes maior de aquecimento global. Os fertilizantes e os adubos nitrogenados são a principal fonte de emissão dos solos agrícolas, quando consideramos a ação humana.
O projeto do Agro Sertão é extremamente relevante para a Riachuelo porque se trata de matéria prima para nossos produtos. Mas não qualquer matéria prima, matéria prima que respeite o meio ambiente e que, ao mesmo tempo, gere trabalho e renda para comunidades vulneráveis. Comunidades que se encontram no berço de nascimento do Grupo Guararapes, dono da Riachuelo. Representa fazer o certo e ir muito além de impactar comunidades locais, mas de abrir portas importantes para novos negócios e aumentar a percepção junto ao nosso consumidor do valor da marca, da responsabilidade socioambiental da marca.
A Sustentabilidade e as práticas de gestão ESG estão na estratégia de negócio do Grupo. Dessa maneira, o Agro Sertão espelha tudo o que o Grupo poderia realizar de mais completo e sistêmico em termos de ESG, elevando nossas práticas a outro patamar de responsabilidade. E certamente isso reverbera muito positivamente no mercado, junto aos grandes investidores, junto aos nossos colaboradores que se orgulham de trabalharem na empresa e também junto aos nossos clientes cada vez mais ávidos por produtos mais responsáveis.

” “O projeto Agro Sertão tem o potencial de restaurar áreas degradadas e reter CO2 no solo e contribuir positivamente para mitigação dos impactos das mudanças climáticas.
Não há como não falar em mudança de paradigma enquanto negócio. Trata-se de uma mudança no modelo de negócio que, ao invés de simplesmente se abastecer de matérias primas cultivadas por meio de métodos convencionais, aposta numa cultura mais sustentável. Isso é inédito num varejista têxtil no Brasil e no mundo. Aliar seu negócio aos impactos socioambientais por meio de um projeto multidisciplinar numa região pouco desenvolvida do Brasil é algo sui generis.
O algodão agroecológico utiliza sementes não modificadas geneticamente. As sementes são plantadas durante o último mês de chuva na região, portanto respeitando as condições climáticas locais. Os únicos adubos utilizados são com compostos orgânicos.
A colheita do algodão agroecológico é manual e não há utilização de agrotóxicos durante o cultivo. O controle de pragas é biológico. Como a cultura tradicional do algodão é intensiva em água, essa é vantagem da cultura do agroecológico: sem irrigação, basta a chuva do último mês para brotar.
É uma matéria prima sustentável não apenas por suas características ecológicas, mas, também, por estar presente de maneira social, cultural e política. Vários atores foram envolvidos no projeto, desde as famílias, prefeituras locais, órgãos de pesquisa e empreendedorismo até a iniciativa privada em seus distintos elos da cadeia de valor.
A cultura do agroecológico mantém a qualidade dos recursos naturais, pois não é intensiva em água e nem em agroquímicos. Ao mesmo tempo que as famílias cultivam o algodão elas plantam também outros alimentos para seu consumo diário. Essa prática ajuda a regenerar o solo e a proteger ecossistemas. Mas igualmente importante é que as famílias participantes conseguem ter outros alimentos disponíveis, inclusive para alimentar seus pequenos rebanhos. A cultura desse tipo de algodão leva à forte inclusão social nas etapas produtivas, com consequente aumento na geração de empregos e incentivo à agricultura familiar. Esse conjunto de boas práticas de cultivo leva ao menor desgaste do solo e contribui para a biodiversidade.
A prática é inovadora pelos aspectos citados acima, mas além disso traz um diferencial importante de investir em avanços tecnológicos para beneficiar a sociedade, ao mesmo tempo em que se mitiga impactos negativos ao meio ambiente resultantes da produção têxtil.
O projeto Agro sertão congrega parcerias público privadas na busca por soluções inovadoras na indústria e varejo têxtil que vão do agronegócio até a o ponto de venda (lojas); passando pelas comunidades vulneráveis do sertão nordestino, segurança alimentar das mesmas e de suas famílias, empreendedorismo, fornecedores de matérias primas e produtos acabados, organismos de pesquisa, sistema S e governos locais.
No segmento do varejo têxtil é um projeto pioneiro e sem precedentes e, portanto, altamente inovador.
A metodologia da prática é inclusiva, não trata as famílias participantes como meros receptores de informações e como mero operadores, mas como parte fundamental do processo de aprendizagem para incorporação de novas tecnologias de cultivo do algodão. E como elo importante na disseminação de uma cultura de sustentabilidade que demonstra ser possível a coexistência entre crescimento econômico, desenvolvimento e proteção ambiental.

Ainda não foram geradas pesquisadas acadêmicas sobre a iniciativa. O que muito provavelmente acontecerá ao término do segundo ciclo do projeto.

Aspectos Inovadores Relacionados a Prática:

Não informado

Contribuição da Prática para o Desempenho da Empresa:

“O projeto de algodão agroecológico, Agro Sertão, tem objetivos sociais e ambientais. A prática demonstra que impactos ambientais nunca estão dissociados de impactos sociais e consequentemente financeiros. Por meio desse projeto podemos comprovar o Triple Bottle Line da sustentabilidade de John Elkington.
O objetivo geral da prática é promover o desenvolvimento sustentável da região do Seridó (estados do RN e PB) por meio da cultura do algodão, para a qual a região do Sertão Nordestino já teve vocação.
Os principais objetivos específicos do projeto são:
1 Resgatar a cultura de produção do algodão da região do Seridó Nordestino;
2 Promover a agricultura de subsistência familiar na região;
3 Gerar trabalho e renda para famílias da região;
4 Estimular uma cultura de produção sustentável do algodão.
5 Gerar novos negócios;
6 Alavancar a sustentabilidade das matérias primas dos produtos.
2022: 6 Municípios (Acari, Caicó, Cruzeta, Carnaúba dos Dantas, Jardim do Seridó, São José do Seridó).
2023: 12 Municípios (Acari, Caicó, Cruzeta, Carnaúba dos Dantas, Jardim do Seridó, São José do Seridó, Cerro Corá, Currais Novos, São Vicente, Jucurutu, Tenente Laurentino Cruz, Santana do Seridó).
A região escolhida foi a região do Sertão Nordestino, conhecida como Seridó. A região engloba um Geoparque e está localizada no semiárido nordestino, região centro-sul do estado do Rio Grande do Norte (RN).
A região é susceptível a períodos de estiagem, cuja base econômica agrária prevaleceu até os anos de 1970. O estudo das migrações campo-cidade, no entre os anos de 1940 e 2000 mostra as evidências de um crescimento urbano neste espaço regional. Este processo foi desencadeado por mudanças nas relações de trabalho e às novas vocações que a região encerra, descortinando-se como espaço de promissão do saber, do trabalho e do lazer. Neste sentido, as migrações provocam o crescimento da população com ampliação do sítio urbano, gerando uma pressão social sobre o poder público no que se refere a oferta de serviços e de empregos. Além disso, o deslocamento populacional favoreceu a emergência e proliferação do mercado informal, importante fonte de renda nos dias atuais.
Considerando-se todas essas características e também a importância histórica dessa região e da vulnerabilidade de sua população, a região do Seridó foi a escolhida para o resgate de uma importante cultura da região que acabou se perdendo, a cultura do algodão.
O Programa, com duração de dois anos, se iniciou em novembro de 2021 e as principais etapas percorridas foram:
1 Diagnóstico inicial e seleção de área para instalação das Unidades de Aprendizagem e Pesquisa Participativa (UAPs) – mês 1 ao 3;
2 Implantação e acompanhamento duas Unidades de Aprendizagem e Pesquisa Participativa (UAP) para aumento de produtividade do algodão em consórcios agroecológicos, produção de sementes orgânicas, arranjo e população de plantas, aliada a tecnologias poupadoras de mão de obra no plantio, manejo cultural e colheita na região do Seridó-RN – mês 1 ao 24;
3 Avaliação dos atributos do solo, produtividade, qualidade de fibra, contaminações por organismos geneticamente modificados nas UAPs e áreas de produtores familiares como parte da estratégia de geração do conhecimento e promoção da sustentabilidade do algodão em consórcios agroecológicos – mês 1 ao 24;
4 Realização de 6 módulos de formações em algodão em consórcios agroecológicos (preparo da área, plantio, manejo, colheita, comercialização) com agricultores/as e técnicos/as nas UAPs instaladas na região do Seridó-RN para 50 famílias de agricultores – mês 1 ao mês 12;
5 Realizar 6 módulos de formações em algodão em consórcios agroecológicos (preparo da área, plantio, manejo, colheita, comercialização) com agricultores/as e técnicos/as nas UAPs instaladas na região do Seridó-RN para 30 famílias de agricultores – mês 13 ao 24;
6 Apoiar a divulgação dos avanços do projeto para agricultores/as e gestores públicos por meio de visitas a experiências exitosas do projeto na região – mês 8 ao 24;
7 Encontro técnico anual (Avaliação de resultados) – mês 11 ao 23.
O Agro Sertão é um programa em parceria com a Embrapa e proporciona renda e segurança alimentar para as famílias envolvidas, além de resgatar uma cultura agrícola já extinta na região. O programa ainda propicia uma segurança alimentar que é baseada, além da plantação do algodão sem insumos químicos, na alimentação do seu rebanho e na plantação de alimentos para sua subsistência, tais como: feijão, fava, milho, gergelim, onde o excedente é vendido na região para complementação de renda. O programa se encontra na metade de seu ciclo total, com o primeiro ciclo totalmente concluído e avaliado.
O papel da Embrapa é contribuir para a fortalecimento e expansão do cultivo do algodão em consórcios agroecológicos na região do Seridó-RN, por meio de capacitação de técnicos/as e agricultores/as familiares pela prática e experimentação participativa a partir das Unidades de Aprendizagem e Pesquisa participativa relacionadas ao sistema de cultivo do algodão em consórcios agroalimentares, destinados a produção de alimentos, fibra direcionada à indústria da moda, geração de renda, conservação de recursos naturais e aproximação das famílias agricultoras ao comércio justo e ao mercado orgânico.
No ano de 2022 foi finalizado o 1º ciclo com 53 agricultores distribuídos em 6 municípios do Seridó do estado do Rio Grande do Norte (RN) e foram investidos nos municípios participantes cerca de 50% do valor total do programa: R$ 787.678,49 entre recursos financeiros e não recursos não financeiros.
A prática, de inciativa do Instituto Riachuelo, além de contar com a parceria da Embrapa, também conta com o Senai e com as prefeituras das cidades participantes. Numa aliança sem precedentes, o Instituto Riachuelo, organização privada sem finalidade lucrativa, contribui para resgatar uma antiga cultura da região. O algodão, que foi por décadas principal fonte de renda das famílias da região, há mais de 40 anos não era cultivado.
O programa completou um ano e já se pode mensurar os resultados e impactos até o momento. As famílias encontraram uma fonte de renda extra. É difícil mensurar a emoção por parte dos agricultores e seus familiares ao resgatarem a cultura.
Como resultado houve o treinamento e capacitação de 80 agricultores/agentes multiplicadores para incorporação das tecnologias, produtos e processos gerados pela pesquisa para manejo em lavouras de algodão cultivado em sistema de consórcios agroecológicos. (Capacitação e atualização tecnológica de agentes multiplicadores).

Gestão da Prática Relatada:

“O projeto foi concebido e elaborado em dois ciclos de 12 meses. Como há tecnologia e transmissão de saberes envolvidos, além da aplicação desses saberes no campo, não há como avaliar num espaço de tempo menor.
A prática é avaliada a cada ciclo e relatórios de acompanhamento são emitidos pelo parceiro Embrapa a cada três meses. Como há um contrato de confidencialidade assinado entre o Instituto Riachuelo e Embrapa, não é possível divulgar os relatórios com seus detalhes das descobertas até o momento, mas apenas os números globais.
A gestão e acompanhamento do projeto é realizada pelo Instituto Riachuelo e pela Embrapa. O Instituto faz a gestão do andamento das etapas e do cumprimento dos prazos conforme cronograma e plano de trabalho citado no descritivo desse projeto acima. O Instituto também acompanha a gestão dos recursos financeiros.
A Embrapa realiza o seguimento técnico do projeto, em suas diversas etapas, junto aos agricultores e suas famílias.
São realizados encontros mensais com as famílias para verificação do andamento e formação dos agricultores. O objetivo é que os agricultores atuem como multiplicadores para novos agricultores ingressantes no projeto. Nesses encontros, os agricultores são formados para o preparo da área, plantio, manejo, colheita e comercialização do algodão.
Os técnicos da Embrapa, que ficam localizados nas Unidades de Aprendizagem e Pesquisa Participativa (UAPs), instaladas na região do Seridó-RN, foram os responsáveis pela formação de 53 famílias de agricultores. Para o ano de 2023 são 130 famílias beneficiadas.
Vale dizer que essas Unidades de Aprendizagem e pesquisa Participativa foram distribuídas e instaladas na região do Semiárido em função do Projeto Agro Sertão, um avanço enorme e perene na vida de famílias que vivem da agricultura familiar em toda a região do Seridó, pois é conhecimento disponível na região e que pode ser acessado de maneira simples e próxima.
Foi utilizada uma ferramenta específica para medir os resultados e os impactos do projeto. Avaliando os resultados e impactos alcançados em todos os âmbitos de atuação da prática. A ferramenta elenca os indicadores listados abaixo que servem para tomada de decisão de um ciclo para o outro da inciativa em três grandes blocos:

1 INFORMAÇÕES E CONCEITO DA INICIATIVA:
a. Breve descrição
b. Data de início e fim
c. Parceiros envolvidos
d. Âmbito geográfico
e. Área de atuação
f. ODS primário
2 CONQUISTAS PARA A COMUNIDADE
a. Recursos Financeiros
i. Valor do investimento
b. Recursos Humanos
i. Número de pessoas de cada um dos parceiros que trabalharam no projeto
ii. (Voluntários + profissionais da organização)
iii. Número de beneficiários diretos
iv. Tipo de beneficiário
v. Número de jovens com acesso à educação
vi. Número de pessoas que recebem formação profissional
vii. Número de imigrantes, deslocados e /ou refugiados atendidos
viii. Número de pessoas que recebem cuidados de saúde
ix. Número de empregos gerados
x. Número de projetos produtivos realizados
c. Organizações
i. Número de organizações parceiras beneficiadas
3 IMPACTOS PARA A COMUNIDADE
a. Nas pessoas I:do número total de beneficiários quantos:
i. Número de beneficiários diretos cujos resultados foram medidos
ii. Foram sensibilizados com a iniciativa
iii. Obtiveram uma melhoria como resultado da inciativa
b. Nas pessoas II: do número total de beneficiários quantos:
i. Tiveram uma mudança positiva em seu comportamento ou atitude como resultado da iniciativa
ii. Adquiriram novas habilidades ou melhoraram seu desenvolvimento pessoal
iii. Tiveram um impacto positivo em sua qualidade de vida como resultado da iniciativa
iv. Explique resumidamente os benefícios específicos que as pessoas tiveram
c. Quais foram os benefícios relatados pelas organizações beneficiárias? (Sem alterações, pouco, médio ou bastante)
i. Número de organizações beneficiárias onde os resultados foram medidos
ii. Melhoria em seus serviços / produtos ou que ofereça novos
iii. Melhoria em seus sistemas de gestão (por exemplo, TI, RH, finanças)
iv. Mais dedicação de tempo para os clientes
v. Capacidade de empregar mais funcionários / aumento de voluntários
vi. Maior reconhecimento
d. Impacto ambiental em que grau (Sem alterações, pouco, médio ou bastante)
i. A iniciativa alcançou impactos ambientais positivos?
ii. A iniciativa mudou o comportamento ambiental das pessoas?
Todos esses indicadores dão um mapa bem completo dos resultados e também dos impactos gerados pelo projeto. A ferramenta permite ao Instituto e seus parceiros uma leitura bem acurada não apenas dos resultados, mas das transformações sentidas pelos próprios beneficiários do projeto. A ferramenta utilizada preenchida, depois do primeiro ciclo completo da inciativa, se encontra como parte das evidências enviadas.
Os resultados do projeto Agro Sertão estão todos plasmados no Relato Integrado da Riachuelo, divulgado anualmente segundo os padrões da (GRI).

Possibilidade de Disseminação ou Replicação:


A possibilidade de replicação do projeto, inclusive para outras regiões do Brasil é muito grande, pois os custos envolvidos são partilhados entre o órgão de pesquisa que possui todo o know-how (Embrapa), o Sistema S (Sebrae) que atua na formação das famílias para o empreendedorismo e a inciativa privada (Instituto Riachuelo).
A capilaridade de todos os parceiros em território nacional permite que o Agro Sertão seja um projeto de fácil replicação e um modelo a ser adotado para o resgate da agricultura familiar de acordo com a cultura agrícola de cada região do país.
O Agro Sertão já nasce como uma tecnologia social potente, pois apresenta todas as características inovadoras de aplicação, testagem, aprendizagem e disseminação. Trata-se de uma iniciativa que impacta diretamente e que poderá pautar políticas públicas voltadas para o campo, para os pequenos produtores.
Para a indústria da moda, a capacidade de replicação de iniciativas do tipo pode trazer um outro significado ao negócio, pode reduzir e mitigar impactos socioambientais quando disseminado e replicado em grande escala, muito para além da fibra do algodão, mas também para o cultivo de outros tipos de fibras cultivadas de maneira mais sustentável.